Arquétipo Animus: lado masculino da mulher
problemas psicológicos que têm vindo a afetar as mulheres "emancipadas".
Na teoria de Jung, a anima compõe a totalidade das qualidades psicológicas femininas inconscientes que um homem possui e o animus as masculinas possuídas por uma mulher.
Para que a personalidade fique bem ajustada é necessário um equilíbrio entre anima e animus, ou seja: o lado feminino da personalidade do homem e o lado masculino da personalidade da mulher devem ser integrados ser expressos na consciência e nas atitudes.
A Anima é o arquétipo feminino na psique dos homens, segundo Carl Jung. Assim como o Animus tem estágios de desenvolvimento, a Anima também pode manifestar-se em diferentes níveis ou formas ao longo do processo de individuação e desenvolvimento pessoal de um homem. A Anima representa o lado feminino do inconsciente masculino e desempenha um papel importante na formação da personalidade e nas relações interpessoais.
Jung descreveu a Anima como se manifestando em quatro níveis ou estágios distintos, cada um representando uma expressão diferente da feminilidade interior. Esses estágios evoluem à medida que o homem desenvolve um maior entendimento e integração de seu lado feminino.
“enquanto que o Animus de uma mulher permanecer inconsciente, ele irá seguir pelo fluxo desses canais de expressão. Ou seja, enquanto a mulher não atingir a sua "emancipação/liberação", projetará exteriormente o seu Animus, através de romances intensos, relacionamentos estereotipados e uma existência alimentada pelos homens que irão surgindo na sua vida. Por outro lado, a “dita” mulher “emancipada/liberada” cai no outro lado da armadilha. Ou seja, ela identifica-se com seu Animus e perde o controlo da sua própria vida, nessa sua força anímica. Vendendo completamente a sua identidade feminina ao Animus que, consequentemente, a reprimirá evidenciando um falso masculino no seu padrão comportamental. Desse modo, esta mulher irá encontrar-se numa situação de duplo vínculo, onde a sua idealização do masculino a leva a denegrir inconscientemente o feminino.”
O Complexo Paterno
O Complexo Paterno desempenha um papel crucial na formação e na força do animus, que é a representação do masculino na psique da mulher. O pai, sendo o primeiro portador dessa força masculina, define como o animus pessoal se desenvolve. Se o pai demonstrou um caráter dominante e opressor, a mulher pode internalizar uma voz crítica e autoritária. Por outro lado, se o pai foi excessivamente fraco, a mulher pode não conseguir internalizar adequadamente a energia masculina, resultando em uma existência passiva e dependente das projeções e necessidades das figuras masculinas ao seu redor.
O animus também confere à mulher a habilidade de questionar, refletir e buscar orientação espiritual. É importante reconhecer que o animus pode ter um impacto positivo no desenvolvimento psicológico das mulheres. Quando manifesta suas qualidades construtivas, ele libera energias masculinas benéficas como foco, determinação, ambição e resiliência, além de facilitar a conexão consciente com aspectos anteriormente inconscientes. Ele pode servir também como uma força paterna positiva, oferecendo encorajamento, proteção e estrutura.
Nos sonhos, o animus pode se manifestar de várias maneiras, incluindo figuras coletivas como soldados, marinheiros, juízes e outros símbolos de autoridade masculina. Pode também aparecer como o pai, irmão, amante, marido ou outra figura masculina significativa na vida da sonhadora. Além disso, símbolos menos definidos de animus, que frequentemente indicam material inconsciente, podem incluir elementos naturais como nuvens, vento, chuva, trovão, ou animais como cobras, touros, cavalos e cães. Em sua forma mais arquetípica e profunda, o animus pode se manifestar como reis, guerreiros, sábios, e figuras mitológicas como Pan, Adônis, Dionísio, Apolo e Hermes.
O Animus exerce um poder significativo na psique feminina, sendo um arquétipo que possui uma natureza impessoal, desumana e autônoma. Sem um relacionamento consciente com ele, há o risco de que o Animus possa dominar a identidade do Ego. Ele tem uma existência independente e não está sob controle direto da consciência humana. Barbara Hannah observou que o Animus tende a se manifestar sempre que o Ego feminino não está ativo em processos de escolha e discriminação. Emma Jung também notou que as mulheres têm uma necessidade intrínseca de expressar sua espiritualidade. Quando essa necessidade não é atendida, o Animus pode assumir o controle do Self.
Jung, em seu Seminário das Visões (2), descreveu o Animus como um ente extremamente voraz, que se apropria de tudo o que cai no inconsciente. Ele “está lá com a boca aberta e absorve tudo o que cai da mesa da consciência... Se algum sentimento ou reação for deixado de lado, ele irá devorá-lo, tornando-se mais forte e começando a rebelar-se”. Por isso, é crucial que a mulher se torne mais consciente de seus pensamentos, sentimentos e valores. Isso é particularmente importante no caso de sentimentos feridos, que, se não forem adequadamente expressos, podem resultar em ataques do Animus. Esses ataques podem manifestar-se como uma espiral de raiva, levando a comportamentos explosivos e a comentários prejudiciais. O Animus pode prejudicar casamentos ou relacionamentos íntimos ao suprimir a expressão emocional e, inconscientemente, envolver a Anima do parceiro masculino. Quando o Animus e a Anima se rebelam, eles são alimentados por uma reserva de sentimentos reprimidos como raiva, ressentimento, inveja, frieza e medo, que são exacerbados pelos complexos parentais de ambos os parceiros.
Atualmente, as mulheres enfrentam o desafio crucial de aprender a moderar o Animus, tanto em suas dimensões arquetípicas quanto pessoais. As teorias feministas tradicionais muitas vezes reforçaram aspectos negativos do Animus ao sugerir que o sucesso feminino só poderia ser alcançado seguindo os padrões masculinos. Essa abordagem extrema era uma resposta necessária à opressão das mulheres. Contudo, o momento presente exige que as mulheres construam estruturas que ofereçam um espaço para a expressão do feminino consciente, tanto em suas vidas pessoais quanto na sociedade em geral. É o momento de desmantelar a ideia equivocada de que homens e mulheres devem ser iguais no sentido de serem semelhantes. Ser igual não implica em ser idêntico; talvez seja o momento de abraçar e valorizar as diferenças, reconhecendo que podemos ser distintos, mas igualmente valiosos.
Jung, Carl Gustav (1980). Psicologia do inconsciente. Petrópolis, RJ: Vozes. ISBN 8532604706
Jung, Carl Gustav (org.) (1991). O Homem e Seus Símbolos. Rio de Janeiro, RJ: Nova Fronteira. ISBN 8520906427
von Franz, Marie-Louise (1991). O caminho dos sonhos. São Paulo, SP: Cultrix. ISBN 8531600405
Fadiman, James (2000). Teorias da Personalidade.