Mitologia: A Deusa Freyja
A Deusa Nórdica da Dualidade e Seus Reflexos no Inconsciente Coletivo
Freyja é uma das figuras mais fascinantes da mitologia nórdica, associada ao amor, à beleza, à fertilidade, à guerra e à morte. Ela é filha de Njord, o deus do mar, e irmã de Freyr, o deus da fertilidade e da prosperidade. Ambos pertencem ao grupo dos Vanir, uma das duas famílias de deuses nórdicos, sendo os Aesir a outra.
Freya é conhecida por sua busca incessante por Óðr, seu marido perdido, e suas lágrimas transformam-se em ouro e âmbar, simbolizando a conexão entre dor e beleza.
Na rica tapeçaria da mitologia nórdica, Freyja se destaca como uma das divindades mais complexas e multifacetadas. Filha de Njord e irmã de Freyr, Freyja não é apenas a deusa do amor e da beleza; ela é também uma guerreira que rege a vida e a morte, a fertilidade e a guerra. Essa dualidade intrínseca a torna uma figura emblemática para explorarmos as relações entre mitologia, comportamento humano e o inconsciente coletivo, conceito fundamental na psicologia analítica de Carl Jung.
A Dualidade de Freyja
Freyja representa a tensão entre forças aparentemente opostas que permeiam a experiência humana. Como deusa do amor, ela simboliza os anseios, desejos e relações interpessoais. Ao mesmo tempo, sua associação com a guerra e a coleta das almas dos guerreiros mortos revela uma faceta mais sombria, onde o amor e a morte coexistem. Essa dualidade reflete a complexidade da psique humana, onde sentimentos de amor, ambição e até mesmo violência estão entrelaçados.
Em um contexto psicológico, essa dualidade pode ser vista como uma representação do inconsciente pessoal e do inconsciente coletivo. O inconsciente pessoal contém nossas experiências únicas, enquanto o inconsciente coletivo abriga arquétipos e símbolos universais que moldam a maneira como os seres humanos compreendem o mundo. Freyja, com suas múltiplas facetas, é um arquétipo que ressoa em diversas culturas, refletindo as dualidades que todos enfrentamos em nossas vidas.
Freya e Odr
Freya, como personificação da Terra, casou-se com Odr, considerado a personificação do Sol e também um símbolo da paixão e dos embriagantes prazeres do amor, por isso, esse povo antigo, declarava que não era de estranhar que sua esposa não conseguira ser feliz sem ele, a quem ela amava muito e com o qual teve duas filhas: Hnoss e Gersimi (nomes dos duas filhas significam “Jewel” ou “Jóia”). Essas donzelas eram tão formosas que todas as coisas belas eram batizadas com seus nomes.
Enquanto Odr permaneceu ao seu lado, Freya sempre estava sorridente e era completamente feliz. Porém, cansado da vida sedentária, Odr abandonou seu lar subitamente e se dedicou a vagar pelo mundo. Freya, abandonada sente-se profundamente triste, chorou copiosamente e suas lágrimas caiam sobre as pedras abrandando-as. Se dizia inclusive, que chegaram a introduzir-se no centro das pedras, onde se transformavam em ouro. Outras lágrimas cairam no mar e foram transformadas em âmbar.
Cansada da sua condição de viúva de marido vivo e desejosa de ter Odr novemente em seus braços, Freya resolveu empreender finalmente sua busca, atravessando terras, ficou conhecida por diferentes nome como Mardoll (“Luz sobre o Mar”), Horn (“Mulher linho”), Gefn (“A Generosa”) e Syr (“A Porca”), interrogando a todos que se encontravam a um passo, sobre o paradeiro de seu marido e derramando tantas lágrimas que em toda a parte o ouro era visto sobre a Terra.
Muito longe, ao sul, Freya encontrou finalmente Od, debaixo de uma florescente laranjeira, árvore prometida aos apaixonados.
(texto adaptado)
Arquétipos e Simbolismo
Freya personifica vários arquétipos junguianos, incluindo a Grande Mãe, que simboliza nutrição e proteção, e a Guerreira, que representa força e combate. A sua capacidade de transitar entre os mundos do amor e da guerra reflete a complexidade da psique feminina, onde a vulnerabilidade e a força coexistem.
Curiosidades:
Planeta: Terra
Estação do Ano: Primavera
Dia da Semana: Sexta-feira (ou “Friday” em inglês, é uma homenagem à Freya, sendo este é um dia regido por ela onde muitos casamentos aconteciam para atrair as bençãos da Deusa)]
Runas
Freya foi quem descobriu como poderiam ser criadas as Runas, e usou de todo o conhecimento e sabedoria para influenciar o destino de Odin, que sacrificou-se por nove dias na Árvore da Vida e depois doou um dos seus olhos para a geração deste Oráculo.
Conta a lenda que, somente as sacerdotisas de Freya eram capazes de ler as Runas no começo do uso do Oráculo.
Por este motivo dentre as Runas há uma linha que carrega a energia de Freya e Freyr, elas representam os conceitos de criação e de fertilidade.